domingo, 19 de setembro de 2010

Trovoada

Encosto o rosto aos vidros da janela do meu quarto. Sob os telhados cor de tijolo a cidade já dorme. Lá ao fundo o rio Tejo brilha sob os clarões dos relâmpagos que cruzam o céu escuro. Aguardo. Espero com ansiedade o som do trovão. Imagino que vai atingir o Cristo-Rei ou a ponte. Ou será que toda aquela "raiva" da Natureza é Deus a reclamar de alguma coisa?
Fiz hoje 11 anos. Tive a melhor prenda de todas - um diário. Tenho tantas coisas para lhe contar, a ele, ao diário. Mas estou à espera que Deus se decida ou a trovoada acabe.

Já passaram mais de trinta anos e ainda continuo a correr para a janela, uma outra janela, para ver os raios a cruzar o céu. O diário, a cheirar a bafio, lá está guardado...na estante.

Sem comentários: