quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Hetero versus homossexualidade

Em primeiro lugar tenho de admitir que este é um tema para o qual me estou nas tintas. São-me completamente indiferentes as tendências, preferências sexuais das pessoas, da mesma maneira que me é indiferente se alguém gosta mais de bacalhau ou feijoada. A hetero ou homossexualidade não é uma opção, uma escolha e ninguém deve ser penalizado ou marginalizado por causa disso. Eu, pessoalmente, gosto de homens e ponto final. Então o que me leva a escrever este post se me estou nas tintas? Porque constato que, enquanto ninguém se rala se o amigo, o colega, o parente, prefere o tal bacalhau ou a feijoada, no que diz respeito à sexualidade é um...ai meu Deus! E esse ai "meu Deus" vem de ambos os lados - os hetero ficam incomodados com os homo e vice-versa. Depois há aquela coisa, para mim ainda mais incompreensível, do "orgulho Gay" - carambas, eu preciso e tenho de embandeirar em arco que gosto de feijoada? Não. Isso leva-me a pensar, porque não, numa parada do "orgulho heterossexual".  Mas estaremos todos doidos?! Será que as convenções sociais, os paradigmas de uma sociedade que se encontra em mudança, embora ainda com alguns restícios de conservadorismo, nos obriga a gritar: "Eu sou isto ou aquilo na cama?"

As mentalidades são, no âmbito da História, movimentos de longa duração (estruturas) sob os quais ocorrem determinadas conjunturas. Por outras palavras, devido a uma determinada conjuntura económica, política e social ocorreu a Revolução Francesa, mas a estrutura, a mentalidade, não mudou de um dia para o outro, pelo simples facto dessa mesma revolução ter ocorrido.

Se, hoje em dia, a homossexualidade não é tida como algo de normal em várias culturas, isso deve-se à tal barreira da mentalidade (movimento de longa duração) que não pudemos esperar que mude rapidamente, criticando quem não aceita, expondo pessoas que pensam de forma diferente ou, pior, envolvendo entes queridos que acabam por ser estigmatizados pela nossa impaciência de obrigar a sociedade em que vivemos a aceitar, quando ela não pode, nem sabe como, por mais razão que tenhamos.

Tenho duas filhas. Incomodar-me-ia que fossem homossexuais? Nada. Mas, se eu fosse homossexual, numa sociedade que ainda não está preparada para o aceitar, iria expô-las? Nunca e por uma e simples razão - amo-as mais do que a mim mesma e jamais quereria que elas fossem sujeitas, em prol da minha luta (por mais justa que fosse), ao ostracismo social.

Temos de ser realistas. Temos de lutar por aquilo em que acreditamos, mas com calma, porque as mudanças de mentalidade levam gerações - é um facto histórico.

Eu continuo a gostar de feijoada. Só uma minoria gosta de feijoada. Chateiam-me à brava por não gostar de bacalhau. Paciência! Se me melindro com isso, então há em mim uma insegurança, uma fraqueza, que eu tenho de resolver dentro de mim.

(este post está aberto a discussão)

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