quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cash Converters e outras coisas

Hoje fui ao Cash Converters, não apenas por ter ainda algumas inutilidades que me andam a ocupar espaço - uma impressora, uma X-Box das antigas e que já ninguém cá de casa lhe passa cartão e uma catrefada de livros que não me interessam para nada -, mas, sobretudo, porque obter dinheiro com tralha é muito melhor do que a pôr no contentor.
A experiência é sempre interessante- observar aquilo que as outras pessoas levam, o diálogo entre comprador e vendedor, as saídas estratégicas dos compradores o que cria um certo suspense, a miséria das ofertas monetárias pelos artigos...enfim.
Fui com uma amiga, também ela carregada de tralha, mas muito melhor negociadora do que eu. O comprador disse logo que, livros nem pensar. Mas a minha amiga, fazendo-se desentendida, lá os pespegou em cima do balcão. E discos velhos, de vinil, saloiadas de primeira "mais velhas que a Sé de Braga"...teve piada. O saldo foi positivo. Calharam-nos, quase tudo à base dos livros, 90€ a dividir pelas duas. A X-Box não marchou porque me esqueci de um cabo em casa - fica para outro dia.
Assim, consoladas com o lixo convertido em dinheiro, lá fomos a correr para a piscina a fim de acalmar os ânimos e o calor que nos abafava as carnes. As cigarras estavam desvairadas, como ontem, num despique desalmado que quebrava o silêncio e impedia a sestazinha que deu vontade de fazer, á sombra das oliveiras. A minha amiga sugeriu ir buscar a casa um spray contra insectos, eu resolvi a coisa de forma menos violenta - lá localizei os bichos na árvore e, com uma vassoura, acabei com o problema.  Ah, sossego!(por pouco tempo, mas foi uma boa tentativa).
Ao cair da tarde resolvi gastar a minha parte do que tinha ganho no Cash Converters. Apeteceu-me ser fútil e a conselho dessa grande conhecedora das "grandes superficies" e sempre em dia com os saldos, lá fui à Natura comprar umas roupitas. Tem de ser. Uma boa auto-imagem é meio caminho andado para uma boa auto-estima. E meio caminho andado também para Marrakech  - túnicas leves, nada de abusos em decotes, que com gente muçulmana nunca se sabe. Futilidades, repito, também nos fazem bem....excepto telenovelas, que isso dispenso, pois ainda não tenho o cérebro embotado.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Escolhas

Dizia um amigo meu há uns dias atrás, referindo-se às relações heterossexuais, que "as mulheres escolhem demais e os homens escolhem de menos". Relativizei um bocado aquela afirmação, não só por conhecer um bocadinho o autor da mesma, mas sobretudo porque acho que em matéria de relações homem-mulher, as escolhas não têm de funcionar exactamente de acordo com esse princípio. As nossas escolhas dependem muito de vários factores, sobretudo das nossas necessidades, dos nossos objectivos e, mesmo esses, estão subordinados a experiências passadas, valores pessoais e até mesmo a nossa concepção de vida - o que importa é o hoje, o agora; ou o que importa é a construção de um presente e de um futuro; medo de perder a liberdade; medo da entrega total...medo de tantas coisas. Assim sendo, há homens e mulheres que escolhem pouco, e o contrário também existe para ambos. O que importa é que essas escolhas tragam felicidade e não a ilusão ou o vazio.
Eu já fui uma dessas mulheres que "escolhia de menos", que me deixava levar pelas primeiras impressões e contrariava todos os sinais de alerta com as fantasias amorosas que tinha dentro de mim. Actualmente nem me dou ao trabalho de escolher demais, nem pelo meio termo me fico, pois o panorama masculino actual é deveras deprimente. Como diz uma colega minha: "Os homens com H, estão em vias de extinção." Como dirá, certamente, o meu amigo: "As mulheres com M, são raras." Será que têm razão? Será que fizeram escolhas erradas? "Conhece-te a ti próprio" dizia Sócrates, o filósofo grego. Acho que esse é o primeiro passo. Eu, pessoalmente, já fiz a minha escolha - conhecer-me a mim própria.

Fuga ao calor

Abafa-se com este calor previsível de Verão. Um calor que não aprecio muito, pois sou mais dada às temperaturas amenas e até do frio me defendo melhor (e vou eu para Marrakesh em Agosto - puro masoquismo ou talvez não).
Das noites de Verão sempre gostei, desde que pelo menos corra uma aragem. Mas, em dias como este, o que me salva é uma fuga precipitada para a piscina da Tina. É verdade, tenho sorte...uma amiga com piscina.
Meti-me na água e foi o alívio dos alívios. A caloraça era de tal ordem que as cigarras, escondidas nas árvores, cantavam num despique estridente que nada fazia calar. Em voo rasante, as andorinhas vinham beber água da piscina...e nós ali, a mergulhar, a boiar...serenas. É espantoso o silêncio debaixo de água! O silêncio absoluto, a total ausência de ruído foi algo que sempre me fascinou. Só o experimentei uma vez, na Ilha de Armona, numa depressão entre dunas - o silêncio era de tal ordem que me penetrava ao ponto de eu sentir que fazia parte dele. Gosto do silêncio, de tempos a tempos.
Agora idas à praia, nem pensar. Talvez pela manhã ou ao cair da tarde. Mas, tem de ser uma praia muito especial, com uma paisagem diferente, com caranguejo, peixinhos ou outra bicharada que gosto de apanhar desprevenida e me desperta o instinto de caçadora (estar estendida a "trabalhar para o bronze" é um aborrecimento). Praia ideal - sem gente ou com muito pouca e a uma distância considerável, pois detesto fazer parte de "colónias de leões marinhos. Só tenho duas praias de eleição - Ilha de Armona e Almograve, perto de Milfontes. Por isso, este ano, e por razões de força maior, vou mesmo ficar pela piscina da Tina e do hotel em Marrakesh....a menos que aquelas "malucas" me arrastem para uma qualquer praia que valha a pena.


Renovação

A nossa casa é o reflexo daquilo que somos, do que sentimos e daquilo que queremos sentir quando nela entramos. Renovar o seu interior é uma das muitas formas de também nós empreendermos uma renovação pessoal, de eliminar as marcas de um passado desagradável, de nos rodearmos de bem-estar. Por isso, deitei mãos à obra...e que obra!
Primeiro, deitei fora toda a roupa que já não uso, lençóis de que não gosto...sacos e sacos foram postos no lixo.
Segundo, roupa nova de cama, almofadas, edredon. Seguiram-se as tintas de cores alegres, mas suaves - casa-de-banho, quarto, corredor...vai ser um trabalho de Hércules, mas tem que ser feito.
Terceiro, o meu velho sonho - comprei um enorme móvel biblioteca, com algumas portas envidraçadas, como sempre quis. Todos os meus livros (e são muitos) vão passar a ter o seu espaço próprio e os dois móveis velhos, horrorosos, onde os tinha, vão porta fora.
Quarto, varanda remodelada, limpinha - uma cadeira verrugenta foi para o lixo e no seu lugar coloquei duas belas cadeiras de jardim. Falta-me ir a um viveiro comprar algumas plantas de exterior.
E para já chega, pois gastei muito dinheiro e ele não estica.  Faltam-me as cortinas ao estilo japonês, lixar alguns móveis e pintá-los a condizer.
Renovação, bem-estar. Estou feliz.

domingo, 25 de julho de 2010

O Tejo numa noite de Verão

Corria uma aragem morna quando dei por mim à beira do Tejo, a passear de olhos postos naquelas águas calmas, pintadas pelos reflexos das luzes da cidade. Noite de Verão, noite de lua cheia. Sentei-me num daqueles bancos de pedra compridos e esvaziei o pensamento, procurando reter, como se algo de novo se tratasse, a paisagem, a calma.
A beleza está ao nosso lado, em toda a parte mas, quantas vezes, preocupados com inutilidades, não nos apercebemos dela.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Humildade

Não é uma fraqueza, é uma virtude que vence a barreira do orgulho e que não encara como uma ´humilhação, perante si e perante os outros, os erros cometidos. Humildade é assumirmos os nossos deveres, responsabilizarmo-nos pelas nossas decisões e aceitarmos as consequências. O humilde aceita-se e não se esconde por detrás de uma capa de falsa modéstia, está aberto à palavra dos outros e sobre ela medita, sem defensivas ou rancores.

A humildade - A experiência da nossa fraqueza e o reconhecimento de que agimos mal, é algo que humilha. Quando à fraqueza se une o orgulho, o engano pode chegar a extremos patológicos: não se conforma com uma modesta justificação, mas incomoda-se com a verdade, com os que lhe dizem a verdade, ou com os que a vivem. (Juan Luis Lorda)

Sê humilde se queres adquirir sabedoria; sê mais humilde ainda, quando a tiveres adquirido.(Helena P.Blavatsky)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tudo tem o seu tempo

Tudo neste mundo tem seu tempo;

cada coisa tem sua ocasião.

Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir.

Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar.

Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.

Há tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.

Eclesiastes 3, 1-8

A (quase) tragédia das cuecas

Perder 7 quilos em pouco tempo e sem dietas, é realmente uma façanha. Quase sem dar por nada, a pouco e pouco, fui-me dando conta que já cabia naquelas calças que tinha posto de lado e que as t-shirts começavam a ficar largas. Bom, por um lado é agradável olharmo-nos ao espelho e constatar que, de frente ou de perfil, a imagem melhorou bastante mas, por outro lado, assusta um bocadinho. E o maior susto que levei foi com o imprevisto das cuecas. Por causa dos 7 quilos a menos e de umas cuecas ia passando por uma das maiores tragédias da minha vida.
Recentemente resolvi ir de saias para a escola. Acontece que, as ditas cuecas, por não terem já a mesma largura de anca onde se agarrarem, resolveram começar a deslizar pernas abaixo. Disfarçadamente lá as ia puxando, com um toque ali ou acolá por cima da saia. Mas, eis que um grupo de alunos resolve entabular conversa comigo no meio do recreio...e falavam...e falavam...e elas, as cuecas...deslizavam, deslizavam. Quando as senti próximas dos joelhos, apertei as pernas. Não podia mais! Enxotei-os e muito direita, caminhei devagarinho para o bloco mais próximo, na esperança de alcançar a salvação de um WC seguro. O meu andar devia ser estranhíssimo, mas penso que ninguém reparou...uuufffff
Serviu-me de emenda. No dia seguinte fui comprar roupa interior nova, tamanho abaixo do habitual, claro está. Por via das dúvidas e até estabilizar o peso (nem sei onde isto vai parar) o melhor é não usar saias.

Pronto! Problema resolvido.
  

terça-feira, 13 de julho de 2010

Eu e a escola - balanço.

Ser professor/a, ao contrário do muito que se tem dito, não é uma tarefa fácil. Quem escolhe o ensino para dele fazer a sua profissão tem de ter em conta que precisa de gostar, mas gostar mesmo muito, daquilo que o espera e que verdadeiramente importa - os alunos. Para além de toda a burocracia excessiva, das reuniões intermináveis e muitas vezes desnecessárias, de horários sobrecarregados que nos fazem "odiar" ter escolhido ser professor/a ou até mesmo de uma avaliação confusa e injusta, o que ainda nos vai obrigando a ficar por lá, pela escola, são os alunos. Dar aulas, interagir com os jovens, ajudá-los a pouco e pouco a conhecer este mundo que nos rodeia é, para mim, um privilégio. Há alunos difíceis, sem dúvida; há alunos sem regras, sem educação, sem vontade de nada a não ser "dar cabo da cabeça" ao professor. São desafios que nem sempre conseguimos vencer. Mas, depois, um sorriso, uma dificuldade vencida, um "oi stôra"...e todas as desavenças e batalhas campais são esquecidas.
Mas a escola é uma comunidade composta, também, por professores, funcionários, pais que de tempos a tempos vêm à escola. Uma comunidade com um modo de funcionamento próprio, com hierarquias e formas de estar e de relacionamento. É preciso entrar nela de espírito aberto, com flexibilidade e tolerância.  É também uma comunidade onde, quando entramos pela primeira vez, esperamos ter bons alunos, bons colegas de trabalho, bons pais. Utopia? Não. Pode acontecer. Há escolas onde o ambiente de trabalho é péssimo e outras não. Problemas existem em todo o lado, em qualquer espaço de trabalho, mas o que marca a diferença é quando sentimos que, apesar dos problemas, estes até se vão resolvendo e que ali, naquela escola em particular, chegando ao final do ano nos sentimos em "casa". Os colegas marcam a diferença - o diálogo, o apoio e a amizade, genuína, que acaba por nascer, são mais um contributo para o nosso bem-estar e crescimento profissional.
É isso que hoje sinto. A minha escola é a minha outra casa. Nela sinto conforto e segurança. E esses sentimentos dão-me vontade de lá voltar, de aspirar a mais um ano de trabalho, rever alunos e com eles "lutar" nas aulas. E que sorte eu tive...

Um bem haja para todos vocês - Ana Paula, Maria Clara, Carolina, Manuela, Lurdes, etc etc (porque a lista é um bocadinho extensa).

Só faz falta quem cá está

Esta é uma frase mais do que batida, sem dúvida, mas cheia de verdade. Falta-lhe apenas um acrescento "...quem cá está dentro nós."
Por um motivo ou por outro perdemos pessoas ao longo da vida, porque a vida é assim mesmo. Fazem falta aquelas que a morte nos levou; fazem falta aquelas que nos deixaram boas recordações e por cá estão, num qualquer cantinho da nossa alma. Mas não é dos mortos que quero falar e sim dos vivos. Dos vivos que estão ao nosso lado para o que der e vier e que nos estendem a mão nos momentos mais difíceis. Dos que não nos viram as costas e nos ajudam a erguer quando tropeçamos nos degraus íngremes da vida. Dos que riem conosco, nos abraçam e amam de forma incondicional e desinteressada. Esses, que cá estão, fazem sempre falta.

domingo, 11 de julho de 2010

Um dia de cada vez

Apetece-me atirar um prato contra a parede. Apetece-me correr pelas ruas até perder o fôlego, até cair exausta num qualquer chão. O sol, o vento, mar e os campos verdejantes nada me dizem. Não há palavra amiga que me console. Faço um esforço titânico para cumprir, cada dia que passa, as minhas obrigações e pôr uma cara alegre, quando o que me apetece é chorar até mais não.  Cumpro com todos os conselhos amigos - saio e saio, vou aqui e acolá, mato o corpo com exercício físico para sobrepôr a dor física à dor psicológica. O resultado é um cansaço imenso. Olho para dentro de mim e só vejo escuridão, um buraco negro que tento preencher a qualquer custo. Traço planos de futuro porque o tenho de fazer, mas sem qualquer desejo ou convicção. Perdi o rumo, o meu Norte...já não sou eu, sei lá quem sou,,,sou corpo, sou dor, sou caos! Sou solidão, sem estar só! A razão grita-me, constantemente: "Esquece...segue o teu caminho...viveste uma fantasia...tu permitiste o que aconteceu. Não foste amada? Paciência. Amas ainda? Esquece. Como podes amar quem nunca te amou?!  Faz "delete" de tudo, pois mereces nuito mais do que isto...a dor é tola, não tens de a sentir. Acabou. Acabou. Aceita e renova-te, agradecendo o fim."
Um dia de cada vez. Percorrer um dia de cada vez.


sábado, 10 de julho de 2010

Subconsciente traidor.

Esquecer alguém que amámos é um processo doloroso e difícil. Por muito que queiramos não existe remédio algum que, de um dia para outro, apague memórias, sentimentos e sobretudo aquela sensação estranha de que uma parte de nós foi amputada. E foi. É necessário refazer não só o nosso quotidiano, mas sobretudo refazermo-nos, sem o outro. E por mais que a nossa razão nos diga e prove que o esse outro foi um engano, que nos proporcionou mais sofrimentos do que alegrias, até mesmo que nunca se entregou verdadeiramente, nem nos amou, há algo em nós que dificulta o esquecimento, a morte psíquica.  E o nosso subconsciente é o nosso pior aliado, nesse processo de verdadeira e necessária destruição do outro, dentro de nós próprios. Podemos ocupar o nosso tempo de mil e uma maneiras. Podemos, cada vez que uma imagem do passado nos vem à cabeça, substituí-la por outra. Podemos castigar o corpo com caminhadas, ginásios e distrair o nosso pensamento com farras, convívios, conversas intermináveis com os nossos amigos, filmes...eu sei lá. Mas, à noitinha, exaustos, quando adormeçemos naquele leito vazio, mesmo que tenha estado sempre vazio, o nosso subconsciente trai-nos - é o momento dos sonhos, ou melhor, dos pesadelos. Não há forma de controlar o nosso subconsciente. Aquilo que, quando acordados procuramos reprimir,impõem-se durante o sono.
É o meu tormento!


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amizade

Eis outro termo que usamos com demasiada ligeireza. O Facebook é um bom exemplo disso -  vamos enchendo uma lista de "amigos", quando a maioria não passa de conhecidos ou nem isso. Afirmamos, por vezes, com autoridade, que este ou aquele é nosso amigo, porque simplesmente conversou conosco num determinado momento ou partilhou uma actividade "naquele dia". Nada disso tem a ver com a amizade, pois esta é algo de muito mais profundo que envolve conhecimento mútuo e afecto. Implica cooperação, disponibilidade para partilhar bons e maus momentos, confidências, lealdade e, até mesmo, altruísmo.
A amizade, verdadeira no seu mais amplo sentido do termo, é uma dádiva que nem todos têm o benefício de receber. Eu tive essa dádiva e tenho.


Tinhamos 11 anos quando te conheci, naquela sala de aula de um qualquer liceu em Lisboa. Chegaste atrasada, lembras-te? Eu, na carteira da frente, olhei para trás, para ti. Tinhas o cabelo comprido, usavas uma saia plissada e meias até ao joelho. Já lá vão 35 anos! Fizemos a nossa adolescência e iniciámos a idade adulta a duas: embarcámos em loucuras, rimos e rimos tantas e tantas vezes. Escolhemos o mesmo curso, embora em universidades diferentes e até pela mesma profissão enveredámos. Momentos houve em que estivemos distantes - um espaço que nos separava, circunstâncias de vida que nos levavam por caminhos diferentes. Mas, foram breves. Voltámos sempre.
Já lá vão 35 anos! Nunca deixaste de ser a minha confidente, a minha conselheira, o meu amparo nas horas difíceis, a optimista, sempre disponível para a passeata, para a borga ou para uma simples conversa. Apelaste à minha razão, nos meus momentos de irracionalidade; ouviste-me repetir as mesmas coisas com uma paciência de Job; não permitiste que me afundasse na solidão; ajudaste-me a secar tantas lágrimas e dores que povoavam a minha alma...
Nem sempre estive à altura de uma tão grande amizade. Aliás, acho que não te dei como tu me tens dado, nem retribui na devida proporção. Possa o tempo, que ainda temos pela frente, dar-me a oportunidade de fazer o que não fiz, para contigo.
Já lá vão 35 anos! Obrigada.




Thelma & Louise:Ending Scene
Esta postagem é dedicada à Tina.

domingo, 4 de julho de 2010

Mudar, uma questão de força interior

Se continuar a fazer o que sempre fez, irá ter o que sempre teve. Joaquim Caeiro

Há acasos, situações que nos apanham de surpresa e às quais não podemos escapar. Mas, a vida não é feita só de casos. A nossa vida, o a cada dia que passa, é fruto sobretudo das nossas escolhas, das nossas atitudes, daquilo que fazemos. Muitas dessas escolhas e atitudes são condicionadas pela nossa auto-imagem, pela nossa auto-estima e pelo crédito que damos à opinião dos outros sobre aquilo que somos, sobre o que deveriamos de ser. Almejamos o reconhecimento alheio, tornamo-nos dependentes emocionais, sofremos com a crítica, com o abandono, aceitamos vermo-nos através dos olhos dos outros.  Embarcamos em gestos de gentileza fingidos, deixamo-nos manipular por credulidade ou por insegurança. Queremos ser amados seja qual for o preço e quando esse amor não acontece ficamos perdidos. Erro!

É preciso mudar tudo isso. E a mudança não é fácil, nada mesmo. Implica uma auto-determinação inabalável. Implica deixar de ser e de fazer o que sempre se fez e que não deu em nada ou, pior, só gerou sofrimento.
Não é um mudar de casa, de amigos, de forma de vestir ou de penteado. È olhar para dentro de nós próprios, reflectir, encontrar as falhas e admiti-las com humildade, recolher as qualidades e tirar partido delas.É olhar ao espelho e dizer: "Eu sou isto e valho pelo que sou. Mas vou ser cada vez melhor.". Sorrir, ter confiança e operar a mudança. Mas como em tudo é preciso ter objectivos, metas, disciplina para as alcançar.

Eu não quero ter o que sempre tive, por isso não vou continuar a fazer o que sempre fiz. Quero mudança e estou a trabalhar nela - Lilith saiu da gaiola e cada vez voa mais e mais longe, à descoberta de si própria e de todas as suas potencialidades. O passado, resume-se a uma lição...por isso não foi tempo perdido.


O desafio - rota histórica das Linhas de Torres

Já anunciei, numa postagem anterior, esse interessante evento que foi a abertura da Grande Rota Pedestre das Linhas de Torres - Troço Sobral de Monte Agraço. http://gaiola-de-lilith.blogspot.com/2010/06/para-quem-gosta-de-caminhadas.html

O encontro teve lugar junto à escola primária da Patameira, às 9 horas da manhã. O céu cinzento e um ventinho frio ajudaram a ganhar coragem, pois sob um sol escaldante de Julho a caminhada teria sido mais difícil. Fazer o mesmo percurso que as tropas fizeram durante a Terceira Invasão Francesa, foi um desafio e uma aproximação ao passado, um sentir a História, com a grande vantagem de que os militares que a percorreram, em 1810, iam muito mais carregados e cansados.

Não foi fácil. Nada fácil! Percorrer 13 Km, muitas vezes em terreno ingreme e com súbidas  exigentes, pôs a prova não apenas a minha resistência física, mas também a minha determinação inicial - ia chegar ao fim, custasse o que custasse. E custou. Doeu. Mas o que é a dor de um esforço físico comparada com a dor emocional? Nada. Vencer a dor foi uma porta aberta para ir em frente e desejar, com uma determinação inabalável que, depois desta "viagem", serei imparável na mudança pessoal que empreendi.

A paisagem, o ar puro, os arbustos replectos de oregãos frescos e alcachofras em flor, a determinação dos outros caminhantes e a passagem, única, junto aos modernos moinhos eólicos, mesmo por debaixo das suas pás cortadoras de vento- autênticos gigantes que fariam estremecer um D. Quixote -, revelaram-se uma experiência única.

A chegada ao forte do Alqueidão constiuiu uma agradável surpresa para os caminhantes - febras, entremeada e entrecosto na braza, vinhaça da região, águas, sumos, fruta - maçãs e bela laranja da região (docíssima).

Foram umas horas bem passadas. A Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço está de parabéns, pela iniciativa, pela organização e pelo apoio prestado - cinco estrelas! Venham mais dessas!


O coração de D.Pedro IV

Honra ao Rei D.Pedro IV, o Rei-Soldado.
Como gratidão à cidade do Porto, reside na Igreja da Lapa o Coração de El-Rei D. Pedro IV, I Imperador do Brasil.
A mudança do formol, é feita de 10 em 10 anos.


Fantasma da Ópera

Imortal, nas vozes de Sarah Brightman e Michael Crawford.