terça-feira, 22 de março de 2011

Janela

Da minha janela veêm-se outras janelas. Através dela, da minha janela, a cidade quase adormecida, mas ainda viva sob o anoitecer de um sol que já se pôs, revela-me outras vidas que adivinho ou simplesmente imagino. Rotinas, solidões, gritos e discussões, alegrias esparças de quem se contenta em viver nesses ninhos de pedra que são, as suas casas. Ilusões, cansaços, cozinhas que se animam com refogados apressados, salas com televisores ligados para ajudar a evadir uma mente que se quer vazia de um dia tão aborrecido e igual a tantos outros. Há crianças que choram, que reclamam atenção. Há esposas que remoiem desfeitas antigas e homens que de tão calados e cansados, já nem sabem em que língua falar. Amores, ódios, rancores, pequenas alegrias e dores saiem, de todas aquelas janelas que da minha janela vejo, como vento de humanidade submetida.





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