segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Afinal, até sou capaz

Desde pequena sempre ouvi dizer que existem tarefas que os homens desempenham melhor do que as mulheres - eles mais dados às bricolages, aos motores dos carros, às "engenhocas", às electrónicas e computação e por aí fora; elas mais dadas às tarefas domésticas básicas, à maternidade, ao mundo da família, da estética e das sensibilidades. A lista é extensa, por isso não vou aqui colocá-la e muito menos expôr as novas teorias sobre o funcionamento do cérebro dos homens e das mulheres.
Não fui propriamente educada nesse sentido - nasci nos anos 60 e os meus pais tinham outras ideias. É verdade que recebi bonecas e tachinhos em vários Natais e aniversários, mas havia outras coisas, como os Legos, os livros, os puzzles. Contudo morria de inveja da pista de automóveis do meu primo e do seu ActionMen e, mais tarde, sonhava com os kits das naves do filme "Star Wars"...mas eram muito caros.

Adiante. Como toda e qualquer mulher (salvo excepções, porque as há), habituei-me a que um homem me resolvesse determinados problemas - o carro a perder água; furar uma parede; resolver um problema eléctrico ou montar um móvel. Partia do princípio que era incapaz de resolver certas situações e, confesso, era um pensamento cómodo, baseado numa partilha sexista da divisão de tarefas que eu não engolia muito bem.

Agora não há homem...nem quero que haja (a sua manutenção dá mais chatices do que um carro), por isso tenho de resolver sozinha aquilo que antes julgava não ser capaz, enquanto mulher.
O meu carro teve problemas - levei-o ao mecânico e disse-lhe: "Explique-me tudo. O que tenho de verificar, como se faz, etc". Explicou-me e retive. Afinal, não era tão difícil como isso.
Comprei um móvel biblioteca, como já contei num post anterior. Fiquei a olhar para aquele enorme monte de embalagens, um bocadinho à toa. O meu primeiro pensamento foi...vou pedir ajuda a um homem. Mas, felizmente, esse homem não estava de imediato disponível e aquelas embalagens todas a atravancar o meu corredor aborreciam-me. Deitei mãos à obra, com uma paciência de Job, sem uma aparafusadora eléctrica, com os guias de montagem, algumas chaves de parafuso e um martelo. Resultado? Suei, esfolei os joelhos no tapete, ficaram-me a doer os pulsos e a palma da mão direita, mas montei os sacanas dos móveis, sem falhas. Afinal, sou capaz...até sou capaz. OK, não consegui colocar as portas de vidro numa das estantes, mas por uma única e simples razão - não vem nenhum esquema de montagem na caixa e parece-me que é necessário um berbequim, que eu não tenho. Aguardo, ansiosamente, a chegada do meu amigo para finalizar a montagem, mas não trás berbequim...hum...vamos ver.

Prioridade número um: comprar um berbequim e uma aparafusadora eléctrica (talvez exista o dois em um).
Prioridade número dois: resolver o problema de cabos eléctricos e conseguir escondê-los em caixas ao longo dos rodapés e conseguir montar candeeiros.

Eu consigo. afinal até sou capaz.

1 comentário:

Bandido disse...

Minha amiga ficou a faltar o fim da história do móvel.
Conselho para os cabos: calhas para fios e há para todos os gostos e preços.
Se precisares de ajuda apita.

Saudações Chaladas