sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Amor virtual ou real?

Coloquei a questão nestes termos, mas creio ser uma falsa questão. Actualmente os nossos meios de comunicação, nomeadamente a Internet, dão-nos a possibilidade de conhecer e falar com pessoas que estão a milhares de quilómetros de distância. O processo de contacto inverte-se - no quotidiano, dito real, sentimo-nos atraídos pelas aparências físicas e só depois entramos no "tu", no "eu", no "nós", através de um maior ou menor período de convivência e, quantas vezes, a personalidade do outro contraria o rosto belo e o corpo atraente; nesse mundo, dito "virtual", entramos directamente em contacto e de forma livre com o outro, despido de pele, cor e cabelos. Quando não há fingimentos, manipulações...quando o "eu", o "tu" se dão com sinceridade absoluta, surge o amor. Virtual? Não. Amor real. Amor-paixão que a distância desafia, põe à prova.
Dizem que não há amor que sobreviva à separação dos corpos, mas não será ele uma forma sublime de união para além do material? Dizem que o amor se constrói numa convivência quotidiana, entre quatro paredes, com todos os aborrecimentos e rotinas inevitáveis que se têm de ultrapassar a dois. Não será a distância uma prova maior de resistência, que predispõe os amantes para o aperfeiçoamento de um quotidiano possível? Amar e ser amado, mesmo sem o toque, não é uma dádiva? Para mim sim. E não há distância geográfica que acabe com este sentimento, porque podemos estar com o outro, nesse mundo determinado como real, lado a lado, sentados num qualquer meiple em frente a uma TV e a milhas de distância emocionalmente.
Amar e ser amado...o que é a distância num universo imenso em expansão - sentimento, certeza, liberdade, fusão com algo muito superior ao material. Voar, voar...mea culpa.

Sem comentários: