quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sereia

Nas águas de Verão, à beira-mar, ela deixava-se ficar ao sabor das ondas rasteiras e imaginava que era uma sereia.
Arrastava-se, então, sob a areia e olhava para a praia cheia de gente e voltava para o mar, com vontade de lá ficar.
Nadava para mais longe, o mais longe possível, mergulhava contendo a respiração e fazia de conta que nada mais existia.
Da margem a mãe gritava-lhe: "Volta para trás...anda para aqui." Mas ela não queria regressar, porque nenhuma sereia pode viver em terra.
Terra seca, terra de gentes estranhas, barulhentas. O silêncio e a imaginação tomavam conta dela.

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