sábado, 2 de outubro de 2010

Reencontro

Há quanto tempo não nos viamos? Cinco, seis anos? Demasiado tempo. 
Passámos toda a nossa infância, adolescência e até parte do começo da vida adulta, juntas. Sei que não era uma pessoa fácil de aturar, que fugias de mim para não te massacrar - eu era um demónio! Hoje, quando fomos ao café na Rua da Lapa, lembraste-te logo da escada onde te tranquei um dia, quando vinhamos da escola. E rimos. Rimos, mas disseste: "Fiquei traumatizada com isso." Tinhamos que idade? Sete, oito anos? Não sei. Mas que má eu era! Não era uma questão de maldade...eu não sabia como, já naquela altura, exprimir de forma correcta o que sentia e desejava. Sofria. Sofremos. Que infância a nossa! Tu passavas horas intermináveis a dormir e eu, acelerada, desperta, lá ia moer-te a cabeça, atirava-me para cima de ti...lembras-te? E a tareia monumental que dei, por ciúmes, na outra Teresa, no quintal da tua casa...lembras-te?
Recordo as nossas idas e vindas do Bairro Alto, do Rock House (Jukebox). Dos bagaços, das garrafas de vinho verde, daquelas mistelas que faziamos - açorda de delícias do mar -, das minhas entradas intempestivas na tua casa, pela porta ou pelos muros dos quintais. Quantas vezes é que a tua mãe me pôs na rua? ahah
Nunca fui uma boa amiga, eu sei. 
Não foi a vida que nos separou...fui eu que me separei da vida e de ti. Eu segui os padrões, contrariada, que nos inculcaram desde pequenas e perdi-me. Tu resististe. Mas, hoje, estamos no mesmo impasse.

Hoje foi o reencontro. Estamos mais velhas, mais maduras, aprendemos muito...mas, somos nós outra vez. Quando te vi, a atravessar a rua, pensei: "Bolas, és tu...que saudades de ti!" Aquele abraço deu-me uma alegria enorme..."É a Teresa...a Teresa...!"

E a Teresa continua a ser aquela rapariga com uma vida interior imensa, reflexiva, cheia de coisas para dar e com muito para receber. Somos tão parecidas e nem demos conta disso. Tão, mas tão parecidas, que até os mesmos erros cometemos...

Disseste-me...tenho ainda as tuas caricaturas....volta a fazer isso, volta a desenhar e a escrever.

Já não vais escapar mais, Teresa. Voltei, para ficar.

Lembras-te?



Os meus agradecimentos a uma certa pessoa, que tornou isto possível indirectamente.

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