sábado, 8 de janeiro de 2011

Amar...assim

Estou a ver-te. Não sei o que fazes, mas suponho-te a dormir ou acordado a conversar com outras pessoas, em casa, num passeio qualquer. Vejo-te, não como a minha imaginação te quer ver, mas num contexto real, provável. Oiço o som da tua voz, mas não sei o que dizes. Do que falas? Dos teus projectos, dos teus sonhos, dos teus cansaços? De banalidades quotidianas ou simplesmente de nada? Estas tão longe e ao mesmo tempo tão perto.

Tenho o teu livro à cabeceira da minha cama. Já o li, reli e revi. Continuo. Tento ir mais longe, ver para além das imagens, chegar ao teu eu mais profundo. Componho, assim, aos poucos, um puzzle que vai ganhando uma forma concreta, feito das milhares de palavras que já proferiste, das expressões faciais e corporais que captei, dos sons, das cores e linhas da tua poesia sobre tela.

Não te concebo como ser perfeito, porque não existem seres perfeitos e ainda bem ou todos seriamos deuses. Nas nossas falhas e imperfeições se revela o nosso lado humano, mas também é a partir da consciência delas que podemos crescer, evoluir. É o que sinto, a cada dia que passa, quando falo contigo - que nos ajudamos mutuamente a crescer.

Não tenho a tua presença física, mas de todas as presenças físicas que tive, nenhuma me preencheu interiormente. Faltou sempre o mais...o mais. A redoma estava sempre presente. Olhava à distância. Via, ouvia, tocava, mas faltava sempre qualquer coisa. Estranho, contigo é ao contrário, só falta a presença, o toque!

Queria tanto estar contigo realmente, nem que por um instante fosse.

Felicidade e sofrimento. Penalizo-me e ao mesmo tempo congratulo-me.

Sinto-me acompanhada e ao mesmo tempo só. Caminho por entre a multidão e os meus olhos procuram-te. Nada compensa a necessidade que tenho de ti.
 

Sem comentários: