sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Sábado como outro qualquer

Hoje é dia de Natal, excepto para hindus, budistas, xintoístas...e para mim. Hoje é um Sábado como outro qualquer.

Como qualquer outra pessoa, nada e criada em país de tradição cristã-católica, fui habituada a vivenciar intensamente certas festividades tradicionais. Cresci num bairro popular da velha Lisboa "de outras eras", onde até mesmo os pobres tinham uma mesa composta na quadra natalícia. As prendas vinham só nessa altura e nós, as crianças, esperávamos um ano inteiro pela manhã mágica de 25 de Dezembro para vermos o que o Menino Jesus nos tinha deixado no sapatinho. Na véspera comia-se bacalhau cozido com couves, ia-se à Missa do Galo e depois, só depois, se atacavam as fatias douradas, as filhozes e a aletria. No dia seguinte era o peru, imenso, recheado e uma tarde em pijama, junto à árvore cheia de luzes, a ver o filme "Música no Coração".
Mas o tempo passa e as sociedades estão sempre em mudança...nós mudamos. Manter tradições que tendem a se perder num oceano de individualismo e consumismo, não é fácil. Pior ainda quando, em determinadas alturas da nossa vida fizemos escolhas e todas as escolhas, certas ou erradas, têm consequências.
Hoje não é Natal...é um Sábado como outro qualquer.
No espaço de menos de um ano vivi o improvável e revendo, agora, momentos passados, dou-me conta de que as minhas escolhas me conduziram ao fim de uma história de vida sem retorno possível.
Hoje, um Sábado como outro qualquer, sem verdadeiramente o ser, dou-me conta que o possível reside apenas em mim, porque os outros estão de passagem e nada é eterno.
Não vale a pena apegarmo-nos a tradições, coisas, pessoas...Este é um Sábado como outro qualquer.

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